As torres do rio-mar – Artigo de Nicias Ribeiro

Nicias Ribeiro

BELÉM DO PARÁ [ ABN NEWS ] — Documento enviado pela concessionária do Linhão Tucuruí – Manaus/Macapá, datado de 02/04/2013, nos dá conta de que a energização do trecho Tucurui – Juruparí – Oriximiná – Manaus, de 500 mil volts, dar-se-à no inicio de maio e do trecho Juruparí – Laranjal do Jarí – Macapá, de 230 mil volts, dar-se-à em agosto/setembro próximo. E quanto a disponibilidade de energia à Celpa na subestação de Oriximiná, em 138 mil volts, dar-se-à no inicio do mês de maio corrente.

É claro que o referido documento é deveras importante, principalmente pela informação da previsão de entrega da energia à Celpa na subestação de Oriximiná, em 138 mil volts, pois isso permite a implantação da rede de sub-transmissão e de distribuição que levará a energia de Tucuruí aos municípios de Oriximiná, Faro e Terra Santa, Óbidos e Curuá, além de Alenquer, Monte Alegre e Prainha; bem como à Almeirim e ao Distrito de Monte Dourado que serão atendidos pelo trecho Juruparí – Laranjal do Jarí – Macapá, cuja previsão de entrega da energia está prevista para agosto/setembro do ano em curso.

Isso nos levou a passar o dia 1° de maio em Porto de Moz, cidade que fica na região do baixo Xingú, onde conversei com lideranças da Reserva Extrativista “Verde para Sempre” a respeito da insatisfação da comunidade que alí reside, uma vez que o fornecimento de energia elétrica para as 1422 famílias que lá moram é, na opinião de algumas lideranças, apenas uma das condicionantes para que concordassem com a montagem das torres do linhão na área da reserva.

No dia seguinte, conforme programado, viajei de barco até o rio Amazonas, para ver de perto as majestosas torres que dão sustentação aos cabos de alta tensão do Linhão Tucuruí – Manaus, constituído de dois circuitos de 500 mil volts. E assim, saindo de Porto de Moz, navegamos pelo rio Aquiqui, que é um “furo” que começa na margem esquerda do rio Xingú, em frente a cidade de Porto de Moz, e termina na margem direita do rio Amazonas, em frente a cidade de Almeirim. Sem duvida, que o Aquiquí é um dos rios mais belos que conheço e no qual o viajante desfruta de uma beleza única, não só pelas pastagens naturais de suas margens, mas pela variedade de pássaros, principalmente neste período de cheia, beleza essa que, agora, está enxertada com as majestosas torres de 150 metros de altura e os cabos de alta tensão que em vários trechos atravessam esse rio que guarda, em suas margens, a lembrança de um passado glorioso, quando ali existia a maior fazenda de búfalos do Brasil, as fazendas Aquiquí, onde existia, em tempos idos, a maior e mais moderna fabrica de queijo e manteiga do País.

E foi assim, apreciando as belezas do rio Aquiquí, vendo o linhão atravessar repetidas vezes aquele rio e lembrando do “imperio” que foi as fazendas Aquiquí, que se chegou as margens do Amazonas, em frente a Almeirim, de onde visualizamos, à distancia, as torres que atravessam os cabos de alta tensão do Linhão Tucuruí – Manaus para a chamada Serra da Velha Pobre, na margem esquerda daquele rio-mar. E para lá nos deslocamos de lancha voadeira, por ser mais rápido, e, lá chegando, ficamos todos extasiados. As torres são de fato majestosas. A maior, com 295 metros de altura, cuja estrutura perde para a torre Eiffel apenas por cinco metros, é simplesmente exuberante. Fantástica, enquanto obra de engenharia e que deveria ser vista por todos, especialmente pelos acadêmicos de engenharia. Aliás, mesmo não sendo Turismologo, penso que aquele c onjunto de torres, próximo a Almeirim, deve ser explorado turisticamente, não só pelo chamado turismo cientifico, mas pelo turismo sócio-cultural, uma vez que aquela obra, com segurança, é uma das maravilhas da engenharia e que deve ser mostrada ao Brasil e ao mundo, até porque o rio que está sendo atravessado, alí, com a energia de Tucuruí, não é nenhum riozinho qualquer, é o Amazonas, que é o maior rio do mundo em extensão e em volume d’água.

Já era noite. Voltamos para Almeirim na lancha-voadeira para apanhar o barco e regressar à Porto de Moz. Na viagem, é claro, só se falou da magestosidade das torres do rio-mar e da necessidade de mostra-las ao Brasil e ao mundo, principalmente se forem iluminadas juntamente com os cabos.

[*] Nicias Ribeiro, Especialista em Minas e Energias, é Articulista e Engenheiro Eletrônico.

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